12-27 / março / 2011
Nos versos livres de um skald
Palavras voam, como penas
E, como flautas ao luar,
Ecoam, vivas, sobre as terras
Tal igual um skald antigo
Irei em versos escrever
Pra expressar o que eu sinto
E, por que não?, agradecer
Por, pelo acaso ou pelo destino
Ter tido a chance de te encontrar
E descobrir não ter perdido
A capacidade de amar
Pois, mesmo não correspondido,
Tal sentimento me guiou
De Angband, das masmorras frias
Para a luz de Valinor
Ele nasceu inesperado,
Um canto ao alvorecer
E, como uma flor no campo,
Guiado pela sua voz, cresceu
Cresceu pelo prazer de ter crescido,
Ter se tornado parte do meu ser
Pois poderá este amor ser esquecido?
Nas areias do tempo, irá esvaecer?
Momentos de tristeza foram poucos;
Momentos de euforia tive mais
E desde a primeira vez que eu te vi, aquela noite,
O som da sua fala e o sorriso no olhar -
Meu sentimento se manteve sempre forte,
Estremecer as suas bases nenhuma força foi capaz.
A nossa amizade, pura, verdadeira -
Que mais um simples skald irá querer?
E confiança mútua, tão simples, derradeira
Que, como uma estrela, eu vi nascer, crescer...
O tempo - será pouco? Mas é também eterno
Pois há momentos - dias, meses - que não se pode esquecer
Aquela dança; e as longas horas de conversa
Sentado ao seu lado, olhando o céu escurecer...
Momentos imortais me deram força na fraqueza
No desespero - ânimo, luz na escuridão
De Angband, das masmorras negras, da frieza
Guiaram-me por trilhas para deixar a dor
Guiaram-me; aonde? - Dizer não sei ainda.
Pois deverão as trilhas ter sempre um final?
Mais que o fim, o que importa é o caminho
E este, com certeza, foi o melhor que há.
Caminho sem um fim - só sendo verdadeiro,
Consigo mesmo, e com o que é seu.
E, mesmo que houvessem erros,
Escolhas que era melhor não fazer,
Acima de tudo, eles foram sinceros...
E isso é tudo que posso escrever.
...
Dizer não sei se estas rimas
Puderam tudo expressar
Pois mesmo skalds em tempos idos
Em versos nem sempre souberam passar
Aquilo que homens e deuses sentiram,
E a amizade invicta, imortal
Mas que outras formas teremos pra isso,
Se meras palavras são poucas demais?...